O DEMÔNIO DE MARIANA
Aquele lugar estava escuro, havia pequenas poças de um líquido viscoso por onde eu andava, não dava pra ver o que era, por isso eu caminhava com cuidado quase nas pontas dos pés. Apesar de toda aquela escuridão dava pra ver que havia alguém agachado a frente, ouvia-se um ruído de algo sendo mastigado. Era um som familiar. Chomp, chomp, chomp. A curiosidade era maior que o medo de se deparar com aquilo. Andou devagar, mas resolvido em direção a figura. O barulho de mastigação aumentava. CHOMP, CHOMP, CHOMP. Já há poucos centímetros ela parou de mastigar, estava cabisbaixa concentrada. CHOMP. CHOMP. CHOMP. Ela percebeu minha presença em algum momento e levantou a cabeça, seus olhos grandes amarelados iluminaram a escuridão ao seu redor. Aquilo não lembrava um ser humano, a boca era desproporcional e cheia de dentes pontiagudos. Ela sorriu pra mim e ofereceu um pouco daquilo que estava comendo. Era um pedaço de uma perna, uma perna humana. Meu coração disparou e saí correndo, queria sair dali, daquela escuridão, fugir daquela criatura. Eu corria, mas eu não saía do lugar. A criatura ainda estava parada, mas eu tinha medo de que ela viesse atrás de mim. Então eu corria, corria e de forma alguma conseguia me mover. Senti a respiração dela na minha nuca, um hálito gelado e fétido de carne podre. Uma mão enorme pesada com garras toca meu ombro esquerdo.
-Mariana! Mariana! Acorde! - Escuto uma voz na escuridão.
Pulo da cama aos prantos.
-Não! Não! Não!
-Calma filha, você estava tendo um pesadelo. Estava chorando dormindo e se contorcendo toda. Já passou! Já passou! - Minha mãe me abraça. Seu abraço me conforta, enquanto entre soluços me dou conta que tinha sido só um pesadelo. Aquela criatura parecia tão real.
-Venha filha, venha deitar comigo, assim você fica mais tranquila. - Minha mãe me puxa da cama segurando minha mão.
A porta do quarto é encostada por Mariana, um pequeno fio de luz que vem do corredor mostra que dentro do quarto havia algo além de mãe e filha. O rosto de uma criatura grotesca de olhos amarelados se desfaz do espelho da cômoda que fica a lado da cama.
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