A VELHA DALVA
Minha avó
Era a mais bela mulher
Que existiu naquela região
Casou com meu avô
Por insistência de minha bisavó
Todos os dias
Ela fazia o almoço dele as onze horas
Se a comida estivesse fria
Um soco no estômago era certo
Meu avô era um cearense
Que trabalhava de vigia na colônia
Amava os seis filhos
Tratava os bem.
O problema era minha avó
Que recebia sua parcela de ódio e brutalidade
Odiava a inteligência dela
Odiava o amor que ela tinha por Jesus
Odiava principalmente a beleza dela
Odiava principalmente a beleza dela
O carinho era um pontapé certeiro
As palavras de amor, eram insultos gratuitos
Bateu tanto nela em uma noite
Que minha avó urrou de dor
Achou que iria morrer,
cuspiu sangue
Urinou sangue
Perdeu um dente
Acordou em uma poça de sangue
Quando ficou melhor
Foi embora com os filhos
Cansou de apanhar de cabra ruim
Vendia cuzcuz na rodoviária com café
Tinha enormes canteiros de cheiro verde pra vender
Trabalhava na casa de branco americano
Pra custear a escola dos filhos
Nunca mais apanhou
Do meu avô cearense
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