O MESTRE DOS SONHOS: O LABIRINTO DOS SONHOS

Prólogo

O céu a frente tem um azul profundo, não há nuvens, atravesso esse oceano de ar na maior velocidade que consigo. Voar rápido feito um caça de combate, sentindo no rosto o vento, sensação poderosa de liberdade. Voar sem plano de voo, sem destino, explorando os lugares, procurando por alguma diversão extra. Aqui sempre há situações com pessoas pra se divertir, observo a mudança de cenários, atento para o que acontece embaixo, agora sou um falcão procurando uma presa.
Do alto, após passar por uma plantação, de trigo, avisto a sede de uma fazenda, na varanda, três moças seminuas se divertindo, parecem bem animadas, lindas. Era ali, decidi. Antes de aterrissar, elas me avistam, apontam o dedo na minha direção e dizem.
-Vejam é o inominável! -Inominável? Por que me chamam assim? Me questionei.
Quando desci, as cumprimentei com um sorriso, elas embora parecesse surpresas, estavam receptivas, não pensei duas vezes, agarrei uma delas pela cintura, sem dizer nenhuma palavra cheirei sua nuca, cheiro de orvalho e pêssego, as outras duas me abraçaram e nos beijamos a três. A morena clara me puxou animada até um divã, deitou-me, enquanto as outras duas subiam em cima de mim, esfregavam seus corpos firmes e cheios de curvas, suas mãos deslizavam pelo meu corpo dando uma sensação gostosa de prazer.
Desperto sentindo algo latejando na minha cueca, então explode uma sensação quente e pegajosa, droga, tinha ejaculado, faço uma careta, por aquilo ter terminado tão cedo, se fosse mais demorado poderia ter sido bem divertido, pensei. Ainda não consigo alongar muito esses sonhos, tampouco deixar de ter ejaculação precoce. Levanto me e vou ao banheiro. Enquanto me banho, relembro o sonho lúcido que tive, Inominável, por que raios elas me chamaram assim?! Não tinha sido a primeira vez que em sonhos ou em situações parecidas as pessoas me chamavam de inominável.
Pela manhã, logo cedo, acordei, arrumei minhas coisas e fui apressado pra universidade, tinha um encontro na biblioteca da faculdade, Helena estaria lá. Cheguei primeiro, enquanto a esperava, aproveitei para pesquisar no computador se encontrava algo a respeito daquela palavra que ouvi no sonho. Na tela do computador aparece o seguinte:
“Significado de Inominável
adj. Diz-se do que não possui nome por não se conseguir definir nem qualificar. [Figurado] Excessivamente abominável para ser nomeado; horroroso ou péssimo. (Etm. do latim: innominabilis.e)
Sinônimos de Inominável
Inominável é sinônimo
De: péssimo, horroroso, abominável, vil, indigno, baixo, revoltante, inqualificável
Aquelas definições, aqueles sinônimos da palavra inominável ficaram martelando bem forte em minha cabeça. Agora que eu sabia o significado, mais intrigado ainda fiquei. Desde que eu descobri que conseguia controlar os meus sonhos, aquilo tinha virado meu delicioso parque de diversões, eu criava as regras e fazia o que queria, e o que eu mais queria era transar com moças gostosas e bonitas. Algumas raríssimas vezes me deparava com situações estranhas, mas eu já sabia me defender. Aprendi em um desses incidente que se eu colocasse a mão na minha barriga e apontasse a outra mão pra pessoa ou criatura que me oferecesse risco, saía um raio de luz que a mandava pra bem longe de mim. A forma como aquelas garotas se referiram a mim, deixou-me com uma pulga atrás da orelha, ficaria mais atento em minhas incursões, prestaria mais atenção nas minhas ações, nas interações com os seres que povoavam o mundo dos sonhos. Meu instinto dizia, que estava acontecendo algo estranho por lá. Muito estranho.
Ainda tinha muitas páginas pra ler, volta e meia, eu me distraia e lembrava das coisas que vivia nos sonhos lúcidos, principalmente o último episódio. Não conseguia parar de pensar no que acontecera.
Helena estala os dedos pra mim, pra ver se eu volto a prestar atenção no que ela estava falando.
-Você tá muito pensativo Zain, aconteceu alguma coisa?
-Nada Helena, bobeira minha. Então você acha que eu tenho que desenvolver essa fórmula?!
Disfarcei.
Passamos o resto da tarde estudando para a prova de cálculos, quando encerramos a sessão de estudos a convidei para ir fumar um baseado em minha casa, quer dizer no meu quarto. Acho que ela pensou que era pra outra coisa, porque foi logo dizendo que estava menstruada e que tinha que estudar um pouco mais. O jeito seria eu curtir sozinho. Já no meu quarto, coloquei o som bem alto, era a música do REM. Toda vez que escutava “lose my religion” me empolgava, tinha algo na letra que mexia comigo por dentro, aquela canção pra mim era mais do que motivadora, era visceral, minha alma pulava com ela, enquanto enrolava o baseado dançava e cantava bem alto refrão,“Oh life is bigger!”. Fumei o cigarrinho de maconha até queimar o dedo, não queria desperdiçar nem um pingo daquela bendita fumaça. Quando estava começando a bater o lance, fiquei me olhando no espelho, fazendo poses de fisiculturista, não conseguia parar de rir. Em um dado momento olhei para o meu antebraço e vi figuras se mexendo como se fossem tatuagens, olhei para o outro braço e também havia figuras se mexendo, figuras como o pato Donald, o Pateta e o Papai Noel, deve ser o barato da maconha, pensei.
Despenquei na cama, fechei os olhos, a sensação era como se caísse de uma montanha-russa, quando abria, estava tudo normal, tudo no lugar, fechava despencava novamente, muito frio na barriga. Quando abri os olhos mais uma vez tinha uma sombra bem na minha frente me encarando. Pulei da cama, sem acreditar no que estava vendo, a sombra tinha quase três metros, não estava na parede, estava diante de mim me encarando. Passei a mão por entre ela, minha mão atravessava, então vi a mão dela vir em direção do meu peito. Gritei
-Wooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooow!
Meu irmão ouviu meu grito e entrou no meu quarto. Instintivamente estava com a mão esquerda na barriga e a direita esticada. A sombra desapareceu. Olhei pro meu irmão, meio sem graça, aquilo não era um sonho com certeza.
-Que foi isso, Zain?
Eu sento na cama, pálido e me tremendo todo
-Não sei, meu irmão, vi alguma coisa muito louca, não estou acreditando. Tipo assombração, sei lá.
Meu irmão olha para o quarto todo, não vê nada, a não ser algo queimando no tapete, recolhe a bituca de cigarro de maconha que tinha restado e coloca bem na frente da minha cara.
-Para de fumar essa merda, mano, você tá pirando, você sabe que nossa vó era louca.
Alim sai batendo a porta com força.
No outro dia, convidei Helena pra tomar umas cervejas, era sexta feira, dificilmente iria recusar. Fomos para um daqueles bares de jovens universitários, bem underground, onde a cerveja barata e as bandas que não cobravam couvert, eram a melhor opção para um estudante com pouca grana. Helena notou que eu estava um pouco tenso. Ainda não tinha me recuperado do susto.
-Que foi Zain, você tá calado, falou muito pouco, alguma treta rolando.
-Nada não, Helena
Disfarço, mas a desculpa só aguçou a curiosidade dela.
-O que foi dessa vez? Está endividado de novo?
Sorrio, balançando negativamente a cabeça
-Fala aí, de repente posso ajudar.
Helena me dá um sorriso bem sacana. Conheço aquele sorriso
-Você não vai falar?
-Claro que não!
-Zain, fala logo!
-Ok, ok, então tá bom. Eu não sei se eu estava chapado, ou se era outra coisa, mas eu juro que eu vi uma sombra de quase três metros na minha frente, me encarando, lá no meu quarto.
Helena começa a rir. Aquilo me deixa muito puto.
-Está vendo, não queria te contar.
-Calma, garoto, você puxou um baseado, não puxou?
-Puxei
-Então! É isso, você viajou, viu coisa que não havia. Fica tranquilo. Foi só nóia.
Ri sem graça e tentei me convencer que ela estava certa.
Tarde da noite, me esforcei pra dormir logo, mas estava com insônia, ficava pensando no que eu tinha visto, se tinha sido real ou não. Aquilo estava me incomodando demais. Desisti de tentar dormir, levantei, fui tomar um copo d’água, quando fui abrir a geladeira, minha mão atravessou. Eu sabia o que aquilo significava, tinha dormido, estava sonhando, já que eu estava ali, era melhor aproveitar, resolvi voar um pouco pra esquecer o que estava me grilando. Nesses sonhos lúcidos, tudo é muito sútil, as vezes você nem se dá conta que tá sonhando, mas se der um salto, vai sair voando com certeza. Dei um salto e atravessei o teto da casa, saí voando o mais alto que pudesse, queria ficar bem longe dali, em um dado momento sinto minha perna esquerda pesada, como se tivesse algo viscoso se agarrando nela. Vejo duas criaturas negras segurando minha perna, me puxando, me desespero e tento com chutes retirá-las, olho para o lado e há três criaturas também escuras agarrando meu braço direito, me puxam pra baixo. Caio com aquelas criaturas rodopiando como um avião que apresenta pane no ar. Me arrebento no chão, tento levantar, mas as criaturas escuras fazem força para que eu não levante, agora são várias segurando meus braços e minhas pernas me puxando, tentando me imobilizar.
Meu desespero aumenta, tento a todo custo sair dali, faço muita força, queria me livrar de qualquer jeito delas, era tudo inútil, quanto mais eu lutava, mais as sombras me puxavam. Elas se multiplicavam a olhos vistos, do nada apareciam cada vez mais e mais.
A sensação era como se eu estivesse preso em uma lagoa de piche, tentava me mexer, afundava cada vez mais. As sombras lutavam ferozmente pra me subjugar. E eu lutava pra me livrar delas a todo custo. Cansado daquilo, tentei gritar, senti inúmeras mãos taparem minha boca, meu nariz, puxavam minha cabeça e pescoço em direção ao chão. Tudo escureceu.
– Nãooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo!
Abro os olhos, sem ar, coração acelerado, consegui acordar, constatei. Na minha frente vejo uma sombra saltar e atravessar o teto do meu quarto. Acho que era a mesma que tinha me assustado antes.




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