Uma visita
Lilith
caminha pela região abissal seguida por seus milhares de filhos
demônios sempre cheios de fome, sempre chamando-a de mãe.
Uma
brisa perfumada corta o ar abafado e fétido do abismo. Lilith olha
pra cima, quase sem acreditar.
-Vocêsss?
A
figura resplandecente de um arcanjo ilumina a escuridão. O rosto
tinha seis olhos e duas bocas, a face era dourada e a barba era de
fogo vermelho.
-Quanto
tempo Lilith! Você continua….
-Medonhassss.
- Completa ironicamente a rainha dos demônios.
-Não
seria esse o termo. Nunca
vou entender o motivo de
você gostar
dessa forma. - Atenua o
arcanjo.
Lilith olha em silêncio o arcanjo,
busca sinais não ditos de sua vinda. Até que rompe o silêncio.
-O
que fazes
aqui Salatiel? A última
vez que o criador te mandou era pra me levar de volta para o boneco
de barro dele. - Lilith reporta-se a visita dos três arcanjos
enviados por Deus para convencê-la a voltar ao Eden e ao seu marido,
Adão.
-De
forma alguma, Lilith vim
te alertar.
-Alertassss?
-Sobre nosso inimigo em comum.
-Satã? Kkkkkkkkkkkkkkkk
Os filhos demônios acompanham a
risada da mãe.
-Ele é carta fora do baralho! Está
exilado na terra. - Completa Lilith
-Sim de fato, mas ele pretende voltar
a ver a face de Deus, está preparando uma artimanha.
-Ele
que tente. Eu quero distância dele e desse Deus dos homensssss.
-Não
diga isso. Nosso pai, um
dia vai te perdoar por tua
rebeldia.
-Eu
não quero o perdão dele. Não há lugar pra mim, dentro da criação
delesss.
O
Arcanjo percebe que aquela conversa não será fácil e acompanha a
grande aranha gigante que lhe dá as costas e começa a andar pelo
abismo.
-Mas Satã sempre te humilhou, vai
voltar a humilhar com certeza…
-Eu tenho acesso à terra, ele que
tente, lá eu e meus filhos podemos transformar o exílio dele em um
segundo inferno.
-Então
você não está preocupada?! Estranho. - Insiste
o arcanjo.
-Você
se arrisca a vir aqui Salatiel, o criador pode saber. E
meus filhos não são tão dóceis e obedientes. -Os filhos demônios
começam a se aproximar do arcanjo vagarosamente.
O arcanjo olha para Lilith em
silêncio, dar-se por vencido e salta em um raio de luz que some em
poucos segundos. A escuridão volta a tomar de conta do abismo.
-Come
graxa! - Grita Lilith
Logo um demônio de olhos amarelados e
boca cheia de dentes vem até ela.
-Então
conte-me, minha linda
criança, como foi lá?
– Mãe! Mãe! Eu vi a moça, mãe!
-Responde o demônio
animado.
-Fale,
mais filhosssssss.
-É
tenra, mãe! Eu a quero! - A baba viscosa cai em gotas pesadas no
chão.
-Nãosssss.
Ela é minha, filhosssss.
A
face do demônio é iluminada pelas centenas de olhos escarlates de
Lilith naquela escuridão abissal.
-Mas
eu tenho fome, mãe!!!
-Só
me diga o nome delass? - Pergunta cheia de complacência.
-Mariana,
mãe! É Mariana? A carne é macia mãe. Deixa eu comer ela. Eu tenho
fome, mãe. Mãe. Os outros demônios começam a fazer um coro
insuportável!
-Mãe!
Mãe! Mãe! Mãe!
Lilith
pega o demônio que cabia em uma de suas patas, acaricia o rosto dele
com ternura e de súbito arranca a cabeça com uma dentada,
cuspindo-a depois. Os filhos demônios se calam.
-Não
maisssssssss, amado filho.
Os outros demônios logo se juntam pra
comer o resto do corpo.
A aranha gigante sai andando sozinha
pela escuridão do abismo, enquanto seus filhos acotovelam-se
disputando um pedaço dos restos do irmão.
São
tantos pra alimentar, tantas bocas. Eu nunca quis isso, eu nunca quis
isso! Maldito seja o Criador! - Lilith fala sozinha e balança a
cabeça entregue a
tristeza de destruir mais
um filho.
Aquela mágoa era mais
antiga do que a própria existência dos infernos.
Adão estava deitado próximo ao lago,
quando percebeu que uma figura humana se aproximava, levantou-se e
para sua surpresa, deu-se conta que era uma mulher. Tocou o rosto, os
cabelos, tocou a pele e sentiu que era macia, tinha seios e quadril.
Cheirava a flores de pêssego.
-Quem é você? - Perguntou Adão.
-Eu sou Lilith, nosso criador me fez
pra ser tua companheira. Seremos um só. - Respondeu a mulher.
Tudo que ele via nela, o enchia de
desejo e de atração. Movido por um desejo irrefreável Adão a
pegou pelos braços e a colocou no chão. Forçou que ficasse de
quatro, na mesma posição dos animais que estava acostumado a fazer
coito.
-Espere! - Pediu Lilith
-Quê? - Estranhou Adão diante do
protesto de Lilith
-Não
quero assim! Ela o empurra.
Adão movido pelo desejo insiste em
colocá-la de quatro.
-Não, assim, não!
-O Que você quer? - Pergunta
impaciente
-Beije-me, olhe nos meus olhos! Eu
fico por cima. - Lilith o acaricia o rosto.
-Não, você foi criada pra me
satisfazer – Protesta Adão, forçando a ficar novamente de quatro.
Desta forma, usa a força e subjuga
Lilith, colocando a de quatro e a penetrando com raiva e força.
Lágrimas descem do rosto dela, pois ela entende que o paraíso de
agora em diante era pra ela um inferno.
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